Lançado em 2006 pela Rockstar Games, Bully é um jogo que, mesmo quase duas décadas depois, continua relevante, divertido e surpreendentemente atual. Naquele tempo, o jogo foi cercado por bastante polêmica, principalmente no Brasil, onde chegou a ser proibido por um período. Eu lembro bem de ter visto o jogo sendo vendido em um shopping da minha antiga cidade e, algum tempo depois, quando voltei lá, ele já havia sido recolhido das prateleiras. Essa proibição, curiosamente, fez com que o jogo ficasse ainda mais conhecido e despertasse a curiosidade de muitos jogadores. Afinal, todo esse alvoroço só aumentou a vontade das pessoas de conhecerem o título e entenderem o motivo da controvérsia. Com uma proposta única, ele nos coloca na pele de Jimmy Hopkins, um adolescente rebelde que é enviado para a rígida e problemática escola Bullworth Academy. O que começa como mais um castigo se transforma em uma jornada de autodescoberta, enfrentamento e até redenção.
Na série que fiz no canal, pude aproveitar Bully com uma tradução feita por fãs em PT-BR — e isso engrandeceu muito a minha experiência com o jogo. Diferente da época em que eu era criança e não entendia muito do que estava acontecendo, agora consegui mergulhar de verdade na história, nos diálogos e nas nuances de cada personagem.
A Rockstar é mestre em criar personagens marcantes, e aqui não foi diferente. Podemos destacar figuras como a merendeira apaixonada por um professor ou o velho do ônibus, um personagem enigmático e carismático. Também há diversos grupos de alunos, como os nerds, os greasers, os valentões, os atletas... Mesmo que estereotipados, eles refletem divisões sociais reais dos colégios, o que torna a ambientação ainda mais interessante.
Como estamos falando de uma escola, não poderiam faltar... aulas. E aqui temos várias: química, inglês, fotografia, oficina, entre outras. Cada uma possui cinco estágios, e você pode ser aprovado ou reprovado conforme seu desempenho. Ao completar todas, você ainda recebe uma roupa de formando, com direito a um chapéu clássico. O sistema de aulas traz variedade e reforça a ideia de que estamos mesmo vivendo dentro de uma escola.
No quesito jogabilidade, o jogo se destaca com um sistema de combate muito bem construído. Jimmy pode usar bombinhas, bolinhas de gude, estilingue, entre outros itens para lidar com os monitores e os valentões. Para se locomover, há várias opções, como bicicletas, skates e até a possibilidade de pegar carona na traseira de veículos. O jogador ainda pode desbloquear um kart, que é o veículo mais rápido do jogo. Se precisar fugir, é possível se esconder em armários, lixeiras ou simplesmente correr e despistar os perseguidores, o que aumenta muito a sensação de liberdade.
Com o passar do tempo, as armas evoluem, e o próprio estilingue do Jimmy passa a ter mira avançada. Mais tarde, ele até desbloqueia um lançador de batatas, que é uma das melhores armas do jogo. Assim como nos jogos da série GTA, é possível trocar de roupas em Bully, e há uma grande variedade de trajes, incluindo a hilária roupa de mascote da escola. Em algumas missões, também é preciso usar disfarces, o que adiciona ainda mais humor ao jogo.
A escola Bullworth é só o começo: ao longo do jogo, o mapa se expande e novas áreas da cidade ficam disponíveis para exploração. Um dos pontos mais legais é o parque de diversões, cheio de minigames e atividades extras. Jimmy também passa a contar com novas casas seguras, como um farol abandonado ou uma loja de quadrinhos. Outro detalhe interessante é o sistema de tempo: se você não dormir no horário certo, Jimmy desmaia no chão.
É possível até entrar em locais proibidos, como o dormitório das meninas, e realizar missões polêmicas, como a famosa missão onde o personagem rouba calcinhas. Esses momentos inesperados ajudam a criar um universo único, que mistura humor, crítica social e realismo em medidas perfeitas.
Essa análise foi feita com base na versão de PlayStation 2, que foi a que joguei para gravar no canal LontraJogos. Mas vale lembrar que existe também a versão Scholarship Edition, lançada para Xbox 360 e PC, que traz novas missões e aulas que não estão presentes no PS2. Ainda assim, a versão original continua sendo uma das mais completas e divertidas.
Esse jogo é mais um daqueles que podemos dizer que envelheceu muito bem e com certeza vale muito a pena ser jogado até hoje. Eu recomendo fortemente que qualquer pessoa dê valor e de fato jogue Bully, porque diversão é algo que não falta aqui. Há momentos muito cômicos, momentos muito sérios, momentos de crescimento do Jimmy na história, momentos de queda também. O jogo te proporciona vários sentimentos e sensações com o passar do tempo, e você vai ficando cada vez mais imerso no mundo do Jimmy, no mundo escolar, torcendo para que ele não só melhore a escola, mas também cresça como pessoa para enfrentar todos que cruzam o seu caminho.
Nota final: 9/10
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