O jogo baseado no filme Coraline


Quando o filme “Coraline e o Mundo Secreto” estreou em 2009, encantou e assustou o público na mesma medida. Baseado no livro de Neil Gaiman e dirigido por Henry Selick (o mesmo de O Estranho Mundo de Jack), o longa em stop motion se tornou um clássico moderno. O que muitos não sabem é que o sucesso do filme também gerou uma adaptação para videogames, lançada para PlayStation 2, Nintendo DS e Wii. O resultado, porém, ficou longe do brilho do filme. Nesta matéria, relembramos a história, jogabilidade, bastidores e por que o jogo Coraline acabou sendo esquecido.

O jogo baseado no filme Coraline
Lançado em janeiro de 2009, pouco antes do filme chegar aos cinemas, Coraline foi desenvolvido pela Papaya Studio e publicado pela D3 Publisher. O jogo tentou seguir a mesma linha da animação, contando a história da menina que descobre uma realidade alternativa — o Outro Mundo — onde tudo parece perfeito, mas esconde segredos sombrios.


A adaptação cobre boa parte da narrativa original: Coraline explora a nova casa, encontra a porta secreta, conhece a Outra Mãe e precisa libertar seus pais e almas presas antes que o portal se feche. O tom sombrio e o clima de mistério foram mantidos, mas o gameplay acabou se tornando um dos pontos mais criticados.

Jogabilidade e estrutura
A versão de PS2 mistura aventura em terceira pessoa com mini-jogos e exploração. O jogador controla Coraline em locais como a casa, o jardim, o poço e o mundo alternativo. Boa parte do tempo é gasta em pequenas tarefas: coletar itens, resolver enigmas simples e completar desafios para desbloquear novas áreas.

Embora fiel ao estilo do filme, o jogo foi criticado por movimentação travada, câmera difícil de controlar e puzzles repetitivos. Ainda assim, o título apresenta cenas interativas inspiradas diretamente no filme, incluindo o encontro com a Outra Mãe e os momentos de suspense no Outro Mundo.

No Nintendo DS, o jogo ganhou uma pegada mais leve, com gráficos simplificados e minigames adaptados à tela de toque. Já a versão de Wii era basicamente uma conversão da de PS2, com alguns controles adaptados para o movimento dos sensores.

Elenco e vozes
Apesar de ser uma produção de baixo orçamento, Coraline: The Game contou com alguns dos dubladores oficiais do filme, incluindo Dakota Fanning (Coraline) e Keith David (O Gato). As vozes ajudam bastante a manter o clima e a familiaridade com o longa.

Contudo, a ausência de várias vozes originais e a falta de sincronização labial acabaram prejudicando a imersão, especialmente nas versões de PS2 e Wii.

Visual e ambientação
O jogo tenta recriar o estilo stop motion do filme com gráficos simples, mas coloridos, que funcionam dentro das limitações do PS2. Os cenários da casa Pink Palace e do Outro Mundo estão todos lá, com boa dose de fidelidade artística.

Os desenvolvedores apostaram em efeitos de luz e sombra para reforçar o contraste entre o mundo real e o alternativo — um toque interessante que traz um pouco do clima macabro que tornou o filme marcante.

Entretanto, o design das expressões e animações é limitado. Coraline parece rígida em comparação à fluidez da versão cinematográfica, e as cenas mais tensas acabam perdendo impacto.

Recepção da crítica
Na época de seu lançamento, o jogo foi recebido de forma mor­na a negativa. Sites especializados como IGN e GameSpot criticaram o gameplay raso e a falta de polimento, afirmando que o título parecia mais uma tentativa apressada de aproveitar o sucesso do filme.

Mesmo assim, alguns elogiaram a tentativa de manter o tom sombrio e a estética artesanal do longa, o que era raro em jogos licenciados voltados ao público infantil.

Curiosidades
  • A versão de PS2 foi uma das últimas adaptações de filmes lançadas para o console, já no final de seu ciclo de vida.
  • O estúdio Papaya Studio também desenvolveu outros jogos baseados em animações, como Ben 10 e Toy Story 3.
  • O jogo contém itens colecionáveis secretos, incluindo arte conceitual e cenas bônus.
  • Nenhuma versão recebeu tradução ou dublagem em português.

Por que foi esquecido
O jogo Coraline acabou ofuscado por outros lançamentos de peso da época e por sua qualidade mediana. Para muitos jogadores, ele parecia apenas um produto feito às pressas para acompanhar o marketing do filme.

Além disso, como o público do longa era mais amplo — incluindo adultos —, o jogo, com sua abordagem simples e voltada a crianças, não atingiu o mesmo público do cinema. Hoje, ele é lembrado como uma curiosidade entre os fãs de PS2 e como uma das últimas adaptações de filmes lançadas para o console.

Conclusão
Coraline é uma peça curiosa da história dos jogos baseados em filmes. Mesmo com suas falhas, ele representa uma época em que adaptações cinematográficas eram comuns no PS2 e em que estúdios tentavam transformar histórias de fantasia em experiências jogáveis.

Para colecionadores e fãs da obra de Neil Gaiman, é um título interessante por seu valor histórico — mas, para quem busca diversão sólida, é mais um exemplo de como a transição do cinema para o videogame nem sempre funciona.

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