Nos últimos anos, os jogos de futebol digitais passaram por uma mudança significativa em sua abordagem: o foco em cartas e pacotes de jogadores, mais do que na experiência completa de jogo dentro do campo. Essa tendência se tornou especialmente evidente em franquias como FIFA e eFootball (antigo Pro Evolution Soccer), impactando a forma como os jogadores interagem com o título e, muitas vezes, gerando polêmica entre a comunidade gamer.
A Ascensão das Cartinhas
O chamado modo Ultimate Team (FIFA) ou myClub (eFootball) trouxe uma proposta inovadora: criar seu próprio time dos sonhos comprando cartas de jogadores, treinadores e itens cosméticos. Embora inicialmente fosse um complemento divertido, com o tempo, esses modos passaram a oferecer vantagens significativas em partidas online, transformando-se em um ponto central do jogo.
Esses modos funcionam com sistemas de microtransações, onde os jogadores podem gastar dinheiro real para adquirir pacotes de cartas, acelerando o progresso ou garantindo cartas raras. O resultado é um ciclo que prioriza colecionar cartas e investir em recursos digitais, muitas vezes em detrimento da experiência tradicional de partidas de futebol completas.
O Impacto na Experiência do Jogo
Essa mudança trouxe algumas consequências negativas para os jogadores:
- Menor atenção ao modo carreira: Muitos jogos priorizam o desenvolvimento de cartas em detrimento de modos como carreira ou torneios offline.
- Pay-to-win: Jogadores que investem dinheiro real podem obter vantagens desproporcionais nas partidas online, prejudicando a competitividade justa.
- Desvalorização do gameplay tradicional: Estratégias de jogo e habilidade no campo ficam em segundo plano, já que a performance muitas vezes depende das cartas escolhidas.
Comparação com o Passado
Nos anos de PS2 e GameCube, títulos como FIFA e Pro Evolution Soccer focavam exclusivamente em partidas completas, com estádios, times e ligas oficiais. A emoção vinha do desenvolvimento de habilidades do jogador, táticas e controle de equipe, e não da sorte ou investimento em cartas digitais.
Essa diferença é significativa porque muitos fãs de longa data sentem que o futebol digital perdeu parte de sua essência: a diversão de jogar com times completos, recriando partidas clássicas e competições reais.
O Lado Positivo das Cartinhas
Apesar das críticas, os modos de cartas também têm pontos positivos:
- Colecionismo e personalização: Permite que jogadores montem o time dos sonhos com atletas históricos e atuais.
- Competição online: Incentiva partidas competitivas, ligas e torneios virtuais.
- Atualizações constantes: Novos jogadores, eventos e cartas mantêm o jogo atualizado durante o ano todo.
A Situação Atual
Em 2025, tanto FIFA quanto eFootball ainda continuam com esses modos, mas a comunidade segue dividida. Muitos jogadores pedem um retorno do foco no gameplay tradicional, lembrando que a essência do futebol digital está em controlar e jogar com os times completos, e não apenas colecionar cartas.
Além disso, a influência das microtransações preocupa pais e jogadores mais jovens, pois incentiva gastos reais para obter vantagens dentro do jogo.
Conclusão
O foco em cartinhas nos jogos de futebol é uma realidade que trouxe inovações e desafios. Por um lado, aumenta a competitividade e a personalização; por outro, distorce a experiência clássica do futebol digital, priorizando sorte e investimento em vez de habilidade e estratégia. Para os fãs nostálgicos dos tempos de PS2, essa mudança representa um triste afastamento do que tornava os jogos de futebol verdadeiramente divertidos e envolventes.
O futuro ideal, segundo muitos jogadores, seria um equilíbrio entre colecionismo digital e gameplay completo, garantindo que a essência do futebol continue viva, sem depender exclusivamente de cartas ou microtransações.
0 Comentários