Os jogos mais polêmicos lançados no PS2

O PlayStation 2 é lembrado como um dos consoles mais icônicos e variados da história, com um catálogo que ultrapassa 3.800 jogos. Mas entre tantos títulos marcantes, alguns ultrapassaram os limites da época e geraram intensas polêmicas — seja por violência, conteúdo sexual, sátira política ou simplesmente por desafiarem as regras de censura. A seguir, uma análise detalhada dos jogos mais controversos do PS2 e o contexto de cada um.

1. Grand Theft Auto: San Andreas (2004)
Desenvolvido pela Rockstar Games, GTA: San Andreas foi um fenômeno, mas também o centro da maior polêmica da era PS2: o famoso “Hot Coffee Mod”. Trata-se de um minigame sexual oculto no código do jogo, que podia ser habilitado por modificações. Quando descoberto, causou uma enorme repercussão, resultando em ações judiciais, retirada temporária das prateleiras e nova classificação etária “Adults Only” (AO) nos EUA.

Além disso, o jogo foi acusado de incentivar a violência, o roubo e o uso de drogas, o que o colocou no topo das discussões morais da mídia americana. Mesmo assim, vendeu mais de 17 milhões de cópias apenas no PS2 e se tornou um dos maiores clássicos do console.


2. Manhunt (2003)
Também da Rockstar Games, Manhunt levou a violência a um nível raramente visto na época. O jogador assume o papel de James Earl Cash, um condenado que precisa executar assassinatos brutais para entreter um público clandestino em um “snuff movie”.

O realismo das execuções (com garrotes, sacos plásticos e facas) gerou revolta de políticos e associações de pais, que o classificaram como um “simulador de assassinatos”. Em vários países, como Austrália, Alemanha e Nova Zelândia, o jogo foi banido. O Reino Unido o associou erroneamente a um crime real em 2004, o que intensificou o debate sobre censura nos games.

3. The Punisher (2005)
Baseado no anti-herói da Marvel, The Punisher, desenvolvido pela Volition e publicado pela THQ, foi censurado antes mesmo do lançamento. O jogo apresentava interrogações violentas, onde o jogador podia usar ferramentas como serras elétricas e tanques de tubarões para obter informações.

Para evitar proibição, a versão final recebeu filtros em preto e branco durante as execuções mais gráficas. Mesmo assim, várias versões internacionais foram editadas, e o jogo foi classificado como um dos mais violentos já lançados no PS2.

4. BMX XXX (2002)
A tentativa da Acclaim Entertainment de combinar esportes radicais com humor adulto saiu pela culatra. BMX XXX misturava manobras de bicicleta com nudismo, palavrões e piadas obscenas, algo inédito em consoles da época.

A Sony e a Nintendo vetaram o conteúdo explícito, forçando censura na versão de PS2, mas a polêmica já estava instaurada. A reação negativa foi tamanha que a Acclaim enfrentou queda nas vendas e danos à sua imagem, contribuindo para sua falência anos depois.

5. Bully (2006)
Mais uma vez a Rockstar se envolveu em controvérsias com Bully, jogo ambientado em uma escola fictícia. Na pele de Jimmy Hopkins, o jogador enfrentava bullies, professores e alunos, podendo cometer pequenas travessuras e brigas.

Antes mesmo do lançamento, o jogo foi acusado de “incentivar o bullying escolar”. No entanto, quem jogou descobriu que a história era mais crítica do que promotora da violência. Apesar disso, foi proibido no Brasil pelo Ministério da Justiça em 2008, sob alegação de que “poderia causar danos psicológicos aos jovens”.


6. Rule of Rose (2006)
Esse título de terror psicológico da Punchline/Atlus tornou-se um dos jogos mais controversos da geração — e injustamente. O enredo segue Jennifer, uma garota presa em um orfanato dominado por meninas cruéis, que a submetem a abusos psicológicos.

A mídia europeia acusou o jogo de conter temas de pedofilia e sadismo, mesmo sem evidências diretas no conteúdo. O pânico moral levou ao cancelamento da distribuição no Reino Unido, e as cópias originais tornaram-se raríssimas. Hoje, Rule of Rose é um item de colecionador e símbolo de censura precipitada.

7. The Guy Game (2004)
Produzido pela Topheavy Studios, esse título foi um “quiz adulto” que mostrava mulheres tirando a roupa conforme o jogador acertava as perguntas. A grande polêmica veio quando foi revelado que uma das participantes era menor de idade, levando o jogo a ser banido e processado.

A Sony rapidamente bloqueou a distribuição e o título foi retirado do mercado, tornando-se um dos casos mais graves de conteúdo ilegal em videogames comerciais.

8. God of War (2005)
Embora hoje seja considerado um clássico, o primeiro God of War chamou atenção por seu nível de violência gráfica e erotismo, incomum para a época. As execuções brutais de Kratos e as cenas interativas em bordéis geraram censura em alguns países.

O sucesso do jogo, porém, superou a controvérsia: ele foi elogiado por sua mitologia grega e combate cinematográfico, tornando-se uma das franquias mais celebradas da Sony.


9. Hitman: Blood Money (2006)
Mesmo com um tom mais realista e profissional, Hitman: Blood Money foi acusado de glamourizar o assassinato. Em alguns países europeus, cenas de execuções “artísticas” causaram desconforto, e grupos religiosos criticaram o jogo por permitir disfarces de padres e assassinatos em igrejas.

Apesar das críticas, é amplamente considerado o auge da série no PS2 e um dos melhores jogos de stealth já feitos.

Conclusão
As polêmicas do PS2 mostram como o console foi palco de uma mudança cultural: os videogames deixaram de ser vistos apenas como brinquedos e passaram a abordar temas adultos, violentos e controversos. Títulos como San Andreas, Manhunt e Rule of Rose enfrentaram censura, mas também ajudaram a moldar a liberdade criativa que os games possuem hoje.

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