Os melhores jogos de mundo aberto do PS2

O PlayStation 2 foi um marco na história dos videogames, e um dos principais motivos para isso foi o salto que ele proporcionou ao gênero mundo aberto. Até o início dos anos 2000, poucos jogos permitiam explorar livremente grandes cenários, com liberdade de escolhas e múltiplas formas de jogar. O PS2 mudou esse panorama, tornando-se o berço de títulos revolucionários que definiram as bases dos jogos de mundo aberto modernos.

Quando se fala em mundo aberto no PS2, é impossível não começar com Grand Theft Auto: San Andreas (2004). Desenvolvido pela Rockstar Games, o jogo levou o conceito de liberdade a um novo patamar. Ambientado no estado fictício de San Andreas — inspirado na Califórnia e em Nevada — o título permitia explorar três grandes cidades (Los Santos, San Fierro e Las Venturas) e vastas áreas rurais, desertos e montanhas. Além da trama cinematográfica e dos personagens marcantes, San Andreas inovou ao permitir personalizar o protagonista CJ, modificar carros, comprar casas, entrar em academias e até pilotar aviões. Foi o ápice da era PS2 e, até hoje, é considerado por muitos o melhor jogo de mundo aberto já feito para o console.


Antes dele, a Rockstar já havia moldado o gênero com Grand Theft Auto III (2001), o primeiro jogo 3D da série. Ambientado em Liberty City, trouxe um nível de liberdade jamais visto na época: o jogador podia roubar carros, cumprir missões em ordem livre, ouvir rádios nas estações dos veículos e causar o caos em uma cidade viva. Um ano depois, GTA: Vice City (2002) expandiu a fórmula com uma ambientação inspirada em Miami dos anos 80, trilha sonora icônica e um estilo visual vibrante. Esses três GTAs formam uma trilogia que definiu o PS2 e moldou todo o gênero de mundo aberto.


Mas o sucesso dos jogos da Rockstar inspirou muitos outros estúdios. Em 2006, a Avalanche Studios lançou Just Cause, outro jogo de mundo aberto ambicioso. O jogador assumia o papel de Rico Rodriguez, um agente especial em uma ilha tropical de 1.024 km² — uma das maiores áreas já vistas no PS2. O jogo permitia pilotar aviões, helicópteros, barcos e realizar acrobacias espetaculares. Apesar das limitações gráficas da época, oferecia uma liberdade impressionante e uma sensação de escala sem precedentes.

Outro título memorável foi The Godfather: The Game (2006), da Electronic Arts. Baseado no clássico filme de Francis Ford Coppola, o jogo combinava ação, narrativa cinematográfica e exploração livre pelas ruas de Nova York dos anos 1940. O jogador podia conquistar territórios, negociar com mafiosos e construir sua própria reputação no submundo do crime — uma experiência que capturava com maestria o espírito da obra original.


Seguindo a mesma linha, Scarface: The World is Yours (2006), da Radical Entertainment, reimaginava o fim do filme estrelado por Al Pacino. Aqui, Tony Montana sobrevivia ao tiroteio final e buscava reconstruir seu império do tráfico. A liberdade de exploração, o humor ácido e as mecânicas de negócios tornaram o jogo um sucesso entre os fãs de mundo aberto, sendo até hoje lembrado como um “GTA alternativo” com identidade própria.

No campo das aventuras épicas, Shadow of Rome (2005), da Capcom, mesclou combate em arenas com exploração de ambientes na Roma Antiga, oferecendo uma ambientação incomum e detalhada. Já Bully (2006), também da Rockstar, transportou o conceito de mundo aberto para dentro de uma escola. O jogador, no papel de Jimmy Hopkins, podia explorar o colégio Bullworth Academy, interagir com colegas, cumprir aulas, fazer travessuras e enfrentar grupos rivais. Foi uma das experiências mais originais do PS2, trazendo humor e crítica social.


Outros jogos também merecem destaque por expandirem o conceito de liberdade de forma criativa. True Crime: Streets of LA (2003) e True Crime: New York City (2005), da Activision, foram concorrentes diretos de GTA, mas com um diferencial: o jogador era um policial, podendo escolher entre manter a lei ou agir de forma corrupta. Já Driver 3 (Driv3r) (2004), da Reflections Interactive, tentou unir o estilo cinematográfico de perseguições de carro com missões a pé, em um mundo aberto que recriava Miami, Nice e Istambul.

No gênero fantasia, The Elder Scrolls III: Morrowind (2002), mesmo com limitações técnicas no PS2, influenciou diretamente a forma como os RPGs de mundo aberto seriam feitos no futuro. Outro RPG importante foi Dark Cloud 2 (Dark Chronicle), que combinava exploração livre com construção de cidades, oferecendo dezenas de horas de jogatina.

Mesmo títulos de ação linear flertaram com o mundo aberto, como Spider-Man 2 (2004). O jogo surpreendeu ao permitir que o jogador balançasse livremente por uma recriação de Manhattan, realizando missões paralelas e salvando civis — algo inédito para um jogo de super-herói na época. Esse título se tornou uma referência para todos os jogos do Homem-Aranha que vieram depois.


Outros nomes que também deixaram sua marca incluem The Warriors (2005), outro sucesso da Rockstar com exploração urbana; Destroy All Humans! (2005), que colocava o jogador no papel de um alienígena causando caos nas cidades; e Mafia (2002), que trouxe uma narrativa madura e detalhada sobre o crime organizado nos anos 1930.

Esses jogos não apenas marcaram o PS2, mas definiram o que entendemos por “mundo aberto” hoje. Cada um, à sua maneira, explorou o conceito de liberdade, imersão e narrativa em um tempo em que o hardware era limitado, mas a criatividade não tinha fronteiras.

Mesmo décadas depois, revisitar esses títulos é revisitar uma era de ousadia e inovação. O PS2 foi o laboratório onde o gênero mundo aberto amadureceu, preparando o terreno para os grandes sucessos das gerações seguintes. E é por isso que, até hoje, muitos jogadores lembram com saudade da sensação única de pegar um carro em GTA: San Andreas, explorar a cidade de Vice City ao som dos anos 80 ou simplesmente caminhar pelos corredores de Bullworth Academy em Bully.

O PS2 não apenas nos deu mundos abertos — ele nos deu mundos inteiros para viver.

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