Review do jogo Kingdom Hearts III

Kingdom Hearts 3 foi absurdamente esperado por muito tempo. Originalmente, a ideia era que fosse lançado para PS3, tanto que há trailers muito antigos da E3 mostrando o jogo. Como Kingdom Hearts é uma das minhas franquias favoritas — e sem dúvidas a que mais toca meu coração, principalmente por culpa da Disney — eu estava doido para jogá-lo.

Tive a felicidade de receber uma cópia do jogo pela Square Enix, que usei para começar uma série no YouTube da versão de PS4 no meu canal. Joguei cerca de 70% no PS4 e terminei o restante na versão de PC, também cedida pela Square.

Uma das grandes tristezas é que o jogo foi lançado sem legendas em PT-BR. Entendo que seja trabalhoso, por envolver muitos personagens da Disney e exigir cuidado com nomes já adaptados no Brasil, como “Goofy” ser “Pateta”, mas era algo perfeitamente possível. Tanto que eu e meu amigo VSiFer participamos de um projeto de tradução de fãs para a versão de PC, em que tivemos o trabalho de rever todos os filmes retratados para fazer da melhor forma possível — e conseguimos. Se nós conseguimos, uma empresa contratada também conseguiria.

O jogo mantém tudo de bom que já havia na franquia: mundos enormes da Disney para explorar, combate divertido e diversas keyblades (as espadas usadas pelo protagonista). Sora agora está mais velho, embora eu não tenha gostado muito da forma como ele parece bobo em alguns momentos. Ser ingênuo e bondoso é diferente de ser bobo, e eu esperava um amadurecimento maior do personagem.

Uma das grandes novidades está no sistema de Keyblades, já que cada uma possui formas alternativas, habilidades exclusivas e ataques especiais que mudam completamente a jogabilidade. Isso faz com que trocar de Keyblade não seja apenas uma questão estética, mas algo que impacta diretamente o combate, incentivando o jogador a experimentar diferentes estilos. Outro ponto que chama atenção são os ataques de atrações, inspirados em brinquedos dos parques da Disney, que enchem a tela de luzes e efeitos, tornando as batalhas ainda mais bonitas.

Os trajes seguem lindos e variam conforme os mundos visitados. Pateta e Donald continuam fiéis companheiros, formando junto de Sora um trio e tanto. Há novas magias e o combate foi aperfeiçoado em alguns aspectos. Visualmente, tudo é um espetáculo.

O ponto mais forte do jogo, ao meu ver, é a inclusão dos mundos da Disney Pixar. Mundos como Toy Story e Monstros S.A. são impressionantes, emocionantes e muito fiéis aos filmes. Os gráficos nunca estiveram tão bonitos na franquia, com destaque para as cenas do mundo de Piratas do Caribe, que se parecem incrivelmente com o filme.

Os cenários também tiveram uma evolução significativa. Agora os mapas são mais amplos, com múltiplos caminhos, segredos escondidos e liberdade de exploração muito maior do que nos jogos anteriores da franquia. O minigame da Gummi Ship ficou bastante dinâmico e divertido.

Uma novidade é a mecânica de movimentação automática em certos momentos, como correr por paredes. Embora divertida, em alguns momentos atrapalha, como quando Sora sobe numa parede no meio de uma batalha e o jogador perde o ritmo. Ainda assim, essa movimentação traz variedade e dinamismo.

O excesso de cutscenes é um ponto negativo. Entendo que sejam importantes para representar os filmes, mas são tantas que o tempo de gameplay às vezes parece pequeno em comparação. Algumas cenas poderiam ter sido jogáveis, o que teria sido mais envolvente.

Kingdom Hearts 3 não esquece do fator nostalgia. Alguns vilões clássicos da Organization XIII retornam, e o jogo traz uma mistura de mundos inéditos, mundos originais e também revisita cenários já conhecidos da franquia. Ao longo da jornada, há várias referências aos jogos anteriores e músicas marcantes que retornam em versões repaginadas. É um título que fala diretamente ao coração dos fãs de longa data, mas que também é acessível para quem nunca jogou nada da série, já que sua jogabilidade é simples e intuitiva, permitindo que qualquer pessoa aproveite a aventura sem grandes dificuldades.

A aventura é emocionante do início ao fim, embora eu ainda quisesse ver um Sora mais maduro. Apesar de tantas qualidades, o jogo não tem exatamente a mesma magia dos primeiros Kingdom Hearts, mas continua longo, divertido e cheio de conteúdo.

Posteriormente, o jogo recebeu uma DLC que adiciona bastante material, inclusive ao final da história, algo que lamento não ter vindo já no lançamento. É uma ideia semelhante ao que aconteceu com os Final Mix no passado.

No fim, Kingdom Hearts 3 não supriu totalmente as expectativas criadas ao longo de tantos anos, mas é uma sequência digna, emocionante e cheia de momentos marcantes. Talvez seja o jogo mais emocionante da franquia até então, misturando cenas cômicas, momentos sérios e grandes reviravoltas. Com certeza vale muito a pena jogá-lo.

Nota final: 8/10

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