Na loja, havia uma vitrine com vários consoles, e então meu pai me perguntou qual eu queria. Foi quando vi um que trazia a foto do Sonic na embalagem. Eu não sei onde já havia ouvido falar dele, nem onde o tinha visto antes, mas amava o estilo: azul, espetado, com tênis vermelhos chamativos. Não tive dúvida: “Quero aquele”, disse para o meu pai. Assim ganhei o meu primeiro videogame. Não lembro se de aniversário ou de presente de fim de ano, mas foi um Master System Handy, um videogame com jogos na memória e sem entrada para cartuchos. Voltei para casa de ônibus abraçado ao console — sem dúvidas, um dos dias mais felizes da minha vida.
Sonic the Hedgehog de Master System foi o primeiro jogo que joguei em um videogame meu, na minha casa. O jogo era lindo visualmente, as músicas marcantes, os controles respondiam muito bem... tudo era tão bom que, automaticamente, virou o meu jogo favorito.
Começamos em Green Hill, cenário clássico da franquia. O Sonic pode andar, pular rodopiando, se abaixar e até rolar se estiver correndo e se agachar. Há TVs espalhadas pelas fases que concedem poderes: sapatos que deixam o Sonic mais veloz, uma foto dele que dá vida extra, estrelas que o deixam invulnerável por um tempo, entre outros. Coletar 100 anéis também garante uma vida.
O jogo apresenta uma boa variedade de inimigos, geralmente lembrando animais ou insetos, além de plataformas que se movimentam. Descobri que, ao ficar na beirada de uma borda e encostar numa dessas plataformas, o Sonic subia sozinho — até hoje não sei se foi pensado pelos desenvolvedores ou não, mas acontece.
Há também itens escondidos em “paredes falsas”, que exigem exploração para serem encontrados. O jogo conta com rampas e trampolins para interações, e de tempos em tempos enfrentamos chefes — na época alguns chamavam de Robotnik, outros de Eggman — sempre com uma invenção diferente. Cada chefe exige estratégia para ser derrotado, e rejogar o título ajudava a aprender os padrões.
Dependendo de como terminávamos uma fase, podíamos ganhar uma vida, nada, ou entrar em um bônus, onde coletávamos mais argolas em um cenário colorido e psicodélico, embalado por uma música meio circense.
Um dos cenários que mais me marcaram foi o da água, em que o Sonic precisava pegar bolhas de oxigênio para não se afogar. A música que tocava quando o tempo estava acabando era simplesmente traumatizante (risos).
Outra lembrança forte são as Esmeraldas do Caos, escondidas nas fases. Eram difíceis de achar, mas se conseguisse todas, o final do jogo mudava. Além disso, a tela de créditos do jogo é marcante, onde Sonic aparece cantando com um microfone, fazendo sua clássica pose com o dedo apontado.
Na época, eu nem sabia da existência do Mega Drive, muito menos que havia um Sonic para ele também. Para mim, a versão de Master System era perfeita. Foi com ela que aprendi reflexo nos controles, conceitos como ganhar vidas, ficar invencível, explorar...
Esse jogo foi um verdadeiro marco para mim. Hoje, reconheço que não é perfeito e nem melhor que a versão de Mega Drive, mas marcou profundamente a minha vida. Ainda hoje recomendo que joguem, pois é curto, mas muito divertido. Se você se desafiar a procurar todas as Esmeraldas do Caos sem guia nenhum, terá muitas horas de jogatina — exatamente como eu tive na época.
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