Bully: o jogo que já foi proibido no Brasil


Bully, lançado originalmente em 2006 pela Rockstar Games, é um dos jogos mais polêmicos já criados pela empresa, e também um dos mais marcantes da era do PlayStation 2. Desenvolvido pela Rockstar Vancouver, o título coloca o jogador na pele de Jimmy Hopkins, um adolescente rebelde que é enviado para o internato Bullworth Academy, uma escola cheia de alunos problemáticos, professores excêntricos e uma estrutura social repleta de brigas, provocações e hierarquias.


O objetivo do jogo é fazer Jimmy sobreviver à rotina escolar, enfrentando valentões, ajudando colegas, participando de aulas e desafiando a autoridade dos adultos. Embora muitos tenham interpretado o jogo como um “simulador de bullying”, a verdade é que o enredo mostra justamente o contrário: Jimmy frequentemente enfrenta agressores e tenta restaurar uma espécie de justiça dentro da escola.

Bully mistura mecânicas de mundo aberto com missões que lembram o estilo de Grand Theft Auto, mas adaptadas ao ambiente escolar. Em vez de armas de fogo, o protagonista usa estilingues, bombas de fedor, ovos e outros objetos improvisados. O jogador pode assistir aulas de química, inglês, arte, ginástica e até biologia, cada uma oferecendo mini-games divertidos e recompensas úteis.

Apesar do tom cômico e da sátira sobre o sistema educacional, o jogo rapidamente atraiu controvérsia. No Brasil, ele chegou a ser proibido em 2008 por decisão judicial da Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, que alegou que o conteúdo poderia ser prejudicial a crianças e adolescentes, incentivando comportamentos violentos e o bullying nas escolas. A venda, importação e distribuição do jogo foram vetadas oficialmente, tornando o título ilegal no país por um tempo.

A polêmica refletiu um momento em que o debate sobre violência nos videogames estava em alta. A decisão judicial brasileira foi semelhante a restrições impostas em alguns outros países, como no Reino Unido e na Alemanha, onde o jogo também enfrentou tentativas de censura. No entanto, com o passar dos anos, Bully foi reavaliado e passou a ser visto como uma crítica social inteligente, expondo a hipocrisia do sistema escolar e as injustiças enfrentadas pelos jovens.

Em termos técnicos, Bully impressionou no PlayStation 2 por seu mundo detalhado e cheio de vida. A escola e a cidade ao redor são repletas de atividades paralelas, personagens com rotinas próprias e muitos segredos escondidos. O humor característico da Rockstar está presente em cada diálogo, e a trilha sonora, composta por Shaun Lee, é uma das mais memoráveis da geração.

O sucesso e a polêmica levaram o jogo a receber uma edição especial em 2008, chamada Bully: Scholarship Edition, lançada para Xbox 360, Wii e PC. Essa versão trouxe melhorias gráficas, novas missões e minigames adicionais. Mais tarde, o título também ganhou versões digitais para PlayStation 4, iOS e Android, permitindo que uma nova geração de jogadores conhecesse a história de Jimmy Hopkins.

Hoje, Bully é lembrado como um dos jogos mais criativos e únicos da Rockstar, fugindo do estilo criminoso e urbano de GTA para explorar um ambiente completamente diferente, mas igualmente cheio de caos e humor. Mesmo com sua proibição temporária no Brasil, ele se tornou um clássico cult, admirado por sua originalidade e pela forma como retrata a adolescência, a rebeldia e as contradições da vida escolar.

Com o tempo, a ideia de uma sequência passou a ser muito pedida pelos fãs, e rumores sobre Bully 2 aparecem até hoje, embora o projeto nunca tenha sido confirmado oficialmente pela Rockstar. Seja como for, Bully continua sendo um jogo que marcou época — e uma lembrança de que até dentro de uma escola, a Rockstar conseguiu criar um dos mundos abertos mais interessantes e controversos da história dos videogames.

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