GTA: Generations — o lendário GTA brasileiro do PS2

Poucos jogos piratas marcaram tanto a memória dos jogadores brasileiros quanto GTA: Generations, uma das modificações mais famosas de Grand Theft Auto: San Andreas para PlayStation 2. Longe de ser um lançamento oficial da Rockstar, o jogo se espalhou pelos camelôs e locadoras de todo o país, tornando-se uma verdadeira lenda da era do PS2 — principalmente por trazer o sonho de muitos fãs: um GTA ambientado no Brasil.

Apesar do nome sugerir uma sequência oficial, GTA: Generations é na verdade um mod — uma modificação feita por fãs — que usava o motor gráfico, as mecânicas e toda a base de GTA San Andreas. A diferença é que o jogo recebia uma repaginação completa, com novos carros, músicas, personagens e até uma tentativa de recriar um cenário “brasileiro” dentro do universo de Los Santos, San Fierro e Las Venturas.

Uma versão “brasileira” de San Andreas
Logo ao iniciar o jogo, os jogadores percebiam as mudanças. A trilha sonora das rádios havia sido substituída por músicas brasileiras, incluindo funk, rap nacional, forró e até sertanejo. Os carros — antes compostos por modelos americanos fictícios — foram trocados por veículos populares do Brasil, como o Gol, Uno, Fusca, Opala e Saveiro. Em muitos casos, os sons dos motores eram alterados e as placas traziam nomes de cidades brasileiras.


Além disso, as roupas do protagonista e os NPCs também mudavam. CJ podia usar camisetas de times de futebol brasileiros, como Flamengo, Corinthians, São Paulo e Vasco. Os pedestres, por sua vez, tinham falas alteradas (ou bugadas) e vestimentas típicas, como bermudas, chinelos e bonés. Muitos dos menus e legendas foram traduzidos — de forma amadora, é claro — com erros hilários e gírias que davam ainda mais personalidade ao mod.

As curiosidades técnicas e os mitos
O GTA: Generations era distribuído em DVDs gravados, muitas vezes com capas improvisadas e impressas em casa. Não havia um padrão: cada versão podia vir com modificações diferentes, dependendo de quem a compilou. Por isso, alguns discos tinham mais carros brasileiros, outros traziam armas inéditas, novas skins, e até scripts que alteravam o comportamento da polícia e dos pedestres.

Havia também versões conhecidas como “GTA: Brasil”, “GTA: Rio de Janeiro” e “GTA: São Paulo”, todas derivadas da mesma ideia — algumas com mapas parcialmente alterados, outras apenas com elementos visuais. 

O jogo também ficou famoso por sua instabilidade: muitos jogadores relatavam bugs bizarros, travamentos e erros gráficos. Ainda assim, essa “imperfeição” acabou virando parte do charme da experiência. Era o GTA brasileiro, feito de forma improvisada, mas com muito carinho por parte da comunidade.


Por que virou um fenômeno no Brasil
A popularidade do GTA: Generations reflete o contexto da época. O PS2 era o console mais popular do país, e os jogos piratas eram amplamente acessíveis. Ter um GTA que retratava elementos do cotidiano brasileiro — mesmo que de forma caricata e amadora — fazia os jogadores se sentirem representados dentro de um universo até então dominado por referências americanas.

Além disso, o mod era uma forma de criatividade popular. Ele mostrava como fãs, mesmo sem recursos ou ferramentas oficiais, conseguiam transformar um jogo de forma quase total. Foi um dos grandes exemplos de modding amplamente conhecido pelo público casual.

Legado e nostalgia
Hoje, GTA Generations é lembrado com muito carinho pelos fãs. Ainda existem vídeos e gameplays no YouTube mostrando as diferentes versões.

Apesar de não ter qualquer relação oficial com a Rockstar, GTA: Generations acabou se tornando um ícone da cultura gamer brasileira no PS2 — uma mistura de mod, homenagem e bagunça que encantou toda uma geração. Para muitos, ele é o “verdadeiro GTA brasileiro”, mostrando como a criatividade dos fãs pode transformar um clássico mundial em algo genuinamente nacional.

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