GTA III é um marco revolucionário na história dos jogos de mundo aberto. Foi um dos primeiros a trazer um ambiente 3D com qualidade impressionante para a época, estabelecendo um novo padrão para a indústria. A influência desse título vai muito além da própria franquia, abrindo caminho para diversos outros jogos que adotaram e expandiram o conceito de mundo aberto com liberdade e imersão.
Rejogar GTA III no canal foi uma experiência especial para mim, especialmente por ter finalizado o jogo dessa vez. Confesso que não lembro se cheguei a completar o jogo no passado, mas dessa vez finalizei e gravei toda a série completa. Optei por jogar a versão de PS2, mesmo sabendo que o jogo foi lançado em várias plataformas. O diferencial dessa experiência foi utilizar a tradução oficial do GTA Trilogy, portada por fãs para o PS2, que originalmente não tinha suporte a português. Isso me permitiu jogar tudo em português, com legendas e textos traduzidos, oferecendo uma imersão muito maior — tudo isso rodando no emulador PCSX2 no PC.
O protagonista, Claude, é bastante carismático, mesmo sem falar nada durante o jogo. Muita gente chega a dizer que se trata de um mudo, mas a Rockstar já esclareceu que ele é apenas um homem de poucas palavras, o que só aumenta o mistério e a personalidade dele. A história de GTA III, inclusive, se passa após os eventos de GTA San Andreas, trazendo de volta Claude e Catalina, e dando aos fãs um gostinho do que acontece depois dos acontecimentos daquele título.
Liberty City é um show à parte. Cinzenta e por vezes escura, funciona como uma sátira perfeita de Nova York da vida real. Mesmo com as limitações técnicas da época, a cidade transmite vida, com NPCs se movimentando pelo mapa de forma convincente. Um dos momentos mais recompensadores é desbloquear as três ilhas ao longo da campanha, atravessando pontes e percebendo as diferenças visuais e estruturais de cada área, o que cria uma sensação de progressão muito marcante. Pela ausência de um mapa no menu de pausa na versão de PS2, o jogador acaba gravando mentalmente a localização dos pontos importantes. Ao final, essa familiaridade gera a sensação de realmente conhecer a cidade.
O jogo conta com personagens marcantes e momentos cômicos, que quebram a tensão da trama. No combate, porém, o sistema de trava de mira da versão de PS2 é confuso, fazendo a câmera se comportar de maneira estranha e atrapalhando em alguns momentos. A dificuldade geral também é alta: a vida do personagem se esvai rapidamente, e enfrentar inimigos armados com escopeta pode ser um trauma para muitos, devido ao alto dano que causam. Além disso, a ausência da capacidade do personagem de nadar também pesa, limitando a exploração e gerando situações de frustração.
No quesito veículos, GTA III mantém uma boa jogabilidade, mas a resistência dos carros deixa a desejar. Eles capotam com facilidade e explodem logo em seguida, o que torna perseguições e fugas mais arriscadas. Além disso, veículos aéreos praticamente não existem — há apenas um avião, mas de forma curiosa e até engraçada, ele aparece com as asas cortadas, claramente uma piada dos desenvolvedores. Outro ponto negativo é a ausência de motos, algo que só foi introduzido em Liberty City no GTA Liberty City Stories.
A dificuldade é um elemento marcante da época: muitas missões não indicam exatamente para onde ir, e a falta de um mapa completo obriga o jogador a se virar com o minimapa. O final é especialmente desafiador, podendo parecer frustrante ou até injusto em alguns momentos. Não é raro ficar empacado em uma missão e precisar repeti-la várias vezes, algo que era comum nos jogos antigos, mas que foi sendo suavizado com o passar dos anos e com a chegada de novos consoles.
O arsenal é variado e divertido, com destaque para a bazuca e o lança-chamas, que garantem momentos de pura destruição. Apesar das limitações em relação aos títulos posteriores, GTA III continua extremamente divertido e envolvente, proporcionando momentos engraçados e até emocionantes.
Parando para pensar no contexto da época em que foi lançado, é fácil entender por que GTA III surpreendeu tanto. Ele foi fundamental para definir o que um bom jogo de mundo aberto deveria ter e como deveria funcionar, estabelecendo uma base sólida para o gênero e influenciando toda uma geração de títulos que vieram depois.
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